sábado, 28 de novembro de 2009

Gazeta em forma de e-meio 109

Reflexões do gazeteiro (VII)

Dois fatos

Primeiro

O Observatório da Imprensa publicou um pequeno artigo sobre a queda nas vendas dos jornalões brasileiros. Enfim, um assunto que há meses frequenta os principais sites de opinião na internet com a abordagem do mesmo problema em vários países dos quatro cantos do mundo chega ao Brasil, ainda que neste tímido informe, que, por sinal, é restrito às vendas avulsas da mídia impressa, nas bancas de jornais.

A Folha de São Paulo, considerado um dos três jornais mais influentes no Brasil, vendeu, em média, apenas 21.849 exemplares nas bancas de todo o país, entre janeiro e setembro de 2009 (dados do IVC – Instituto Verificador de Circulação; portanto, “deles” mesmos). Para um jornal que, em 1995, vendia nas bancas 830 mil exemplares num só domingo, e, somando-se aos assinantes, chegou a tirar 1.253.000 exemplares diariamente, na média de outubro de 1995, a atual tiragem, que não deve ultrapassar insignificantes 50 mil exemplares, se incluirmos os assinantes e as cortesias, o que significaria, senão a sua falência enquanto mídia impressa?

Ora, nos critérios da ortodoxia neoliberal que esse mesmo órgão de imprensa e seus semelhantes pregam e defendem com tanta ênfase e entusiasmo já deveriam todos ter sido encerrados há muito tempo, se considerarmos que o que ocorre com a Folha estaria ocorrendo com todos os jornalões (por que não?). A Gazeta então faz a pergunta que o Observatório não fez: quem os sustenta como empresas comerciais que são? Com certeza não será o amor ao jornalismo impresso. Muito menos a publicidade veiculada por empresas privadas; os donos delas não são otários. Ah, a internet: já vimos uma argumentação do tipo por aí, sem fundamento nenhum, claro. Dizem que agora os jornalões têm muito mais leitores que antes, graças à internet. Mesmo se isto fosse verdade, então, para quê imprimir jornais que não vendem?

A triste verdade, leitor, é a de que nós, o povo, sustentamos o trampo. Da câmara de vereadores de Quixeramobim ao Palácio do Planalto, persiste o velho sistema: as faturas das matérias pagas com dinheiro público devem vir acompanhadas das respectivas matérias impressas para que o processo de pagamento se faça. Ninguém pergunta quanto custam, ninguém questiona por que se as pagam. Uns poucos, sim, sabem quanto custam e sabem por que se as pagam; seus rabos (e “interesses particulares”) estão presos no sistema. A quem a mídia impressa de hoje informa é à burocracia pública que a sustenta, pois os leitores já se foram há muito tempo, e o jornalismo que a justificaria há ainda muito mais tempo está morto. Um morto “muito vivo”, decerto!


Segundo

Mario Silva, jornalista venezuelano, disse anteontem em seu programa de TV La Hojilla (“A lâmina” ou “estilete”, em traduções livres, referindo-se, porém, ao instrumento de recortar matérias de jornais, para o que se usava geralmente uma gilete), que, pela primeira vez em toda a história, se verificava concretamente a mudança do poder midiático numa nação americana, e os meios de imprensa privada da Venezuela não mais impõem as matrizes de opinião naquele país. Agora são os meios independentes e comunitários, junto aos veículos do governo, que asseguram a maior parte das audiências, específica e esmagadoramente, nas classes populares, e promovem por si mesmos as matrizes de opinião independentes e de interesse nacional. Todos esses meios de comunicação são sustentados pelo povo da Venezuela, através de seu governo revolucionário, com a diferença que atuam numa linha editorial radical e abertamente anti-imperialista e em favor das massas populares, dos objetivos libertários dos povos do mundo em geral, e dos povos latino-americanos em particular.

La Hojilla foi o precursor de uma série de programas de opinião veiculados nesses meios de comunicação revolucionários que, de uns cinco anos para cá, são produzidos para contestar e rebater as matrizes de opinião forjadas pelos meios privados contra-revolucionários da Venezuela, os quais são ostensivamente apoiados pela mídia hegemônica mundial, vinculada aos interesses imperialistas e às transnacionais.

De acordo com Mario Silva, agora são os veículos da mídia privada que se subordinam aos temas veiculados pelos meios públicos. E os programas como os dele - que é hoje o programa de grade de televisão com maior audiência nacional -, fazem as tréplicas.

Para além dos índices de audiência que agora, indiscutivelmente, detectam a mudança do poder midiático na Venezuela, um exemplo claro de tal verdade foi verificado no caso das bases militares dos EUA na Colômbia, assunto de que o povo venezuelano demonstrou estar a par nos mínimos detalhes e com grande consciência patriótica, graças à competência jornalística dos meios públicos para informá-lo. Assim, ao responder de imediato e em uníssono ensurdecedor ao apelo de Hugo Chávez para que “se queremos a paz, preparemo-nos para a guerra”, tamanha contundência de resposta popular pôs em polvorosa os meios de comunicação imperialistas e os estrategistas do Império, que, pegos de surpresa, tentaram implantar a matriz de opinião de que Chávez estava declarando guerra à Colômbia. Isto só fez aumentar o descrédito dos próprios meios que a veicularam, dada a estupidez flagrante e sem o menor fundamento de tal manipulação da verdade. É possível que tenha se dado justamente aí, nesse mesmo fato, o ponto de inflexão mencionado pelo jornalista de La Hojilla.

Ao poder comunicacional revolucionário construído pelo povo bolivariano da Venezuela em menos de uma década, se agrega a TeleSur, a caçula da família dos meios comunicacionais da Revolução, que já se faz numerosa e influente. A TeleSur foi criada para o embate midiático no plano internacional e hoje prospera francamente na mesma direção, só que em escala mundial, através da luta heróica que está travando contra a mídia hegemônica. Numa entrevista ao jornal argentino Página 12, Andrés Izarra, presidente da TeleSur, comentou que o golpe de Estado em Honduras foi midiaticamente planejado para se fazer quase em silêncio. No máximo, disse Izarra, apenas na mídia impressa algumas notas de páginas de miolo informariam da destituição do ignóbil Manuel Zelaya pelas “forças da democracia” daquele país. Não contavam com a presença ali, solitária e resistente, da equipe TeleSur a qual, durante o golpe e nos primeiros quinze dias que o sucederam, transmitiu ao mundo reportagens de alta qualidade sobre a verdade histórica e a forte resistência popular anti golpista.

Pela corajosa batalha daqueles dias, a TeleSur foi ganhando elevados índices de audiência em todo o mundo (passou de 23 para 100 milhões de espectadores em poucos dias) e rompeu o bloqueio midiático. A mídia hegemônica teve de correr atrás do prejuízo e enviar suas equipes, mas, até que chegassem lá, não tiveram outra saída senão comprar as imagens da TeleSur, a única equipe jornalística presente nos fatos capaz de gerar material de qualidade televisiva. A CNN, a BBC e até a Globo, do Brasil, que sempre a sabotaram, não tiveram alternativas senão a de publicar imagens com créditos TeleSur.

E o mundo todo está em xeque de transparência política e democrática por causa da pequena Honduras. Os golpistas e seus mentores tentam se esconder de si mesmos, fingindo que não está acontecendo nada... há cinco meses! Nesse tempo, não puderam governar, de fato, nem um só dia, por causa da “inesperada” resistência popular, cuja existência foi a TeleSur, e somente ela, que comunicou ao mundo em primeira mão, num dos maiores “furos” de reportagem internacional jamais registrados.

---------

Os dois fatos são ilustrações e prólogos das nossas próximas reflexões. A oitava, sobre a morte do jornalismo tradicional nos últimos quarenta anos (1969 – 2009). E a nona e última da série, sobre o renascimento de jornalismo original através de uma nova e revolucionária prática jornalística e das novas tecnologias a que os profissionais de jornalismo tivemos acesso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Gazeta em forma de e-meio 108

Intervalo necessário

Nesta edição, vamos interromper a sequência de reflexões que vimos publicando para dar vazão a uma série de denúncias que se vão acumulando em nossa caixa de entrada. Em princípio, a Gazeta considera muito pequena a contribuição que pode dar para a difusão de tão graves denúncias, que merecem espaços bem mais importantes e eficazes para se concretizarem como tais e promoverem as consequências que requerem. Mas, visto que, por mais graves que sejam, elas não ressoam nem repercutem em lugar algum – pois não nos retornam por nenhuma outra via, é como se caíssem num doloroso vazio de silêncio, na covarde e vergonhosa omissão generalizada, o que, de certa forma, demonstra a nossa tese da morte do jornalismo na mídia hegemônica –, a Gazeta se vê na obrigação de difundi-las com seus parcos recursos a seus poucos leitores, mais acreditando na força destes do que dela própria, uma vez que são leitores que valem por dez ou mais na formação da opinião de resistência e da consciência sobre os valores que realmente precisam ser defendidos e relevados. Comecemos pelas mais recentes.

o-o-o-o-o-o-o

O artista plástico Gilberto de Abreu vem nos enviando notícias sobre o cruel assassinato do bailarino Igor Xavier, há quase oito anos, e a infame impunidade de que ainda gozam seus assassinos, que confessaram terem torturado e matado o jovem artista por pura homofobia. Não chegamos a conhecer o trabalho dele, mas, pelo material divulgado no blog a ele dedicado (http://igorvive.blogspot.com/), nos parece que era um talento que levava a sua estrela, e prometia contribuições importantes à arte da dança, algumas das quais já estavam em curso. O caso é escabroso e humilha a Justiça brasileira, hoje, mais que nunca, refém dos poderes econômicos, políticos, oligárquicos e discricionários que fazem dela o que quiserem graças à anuência cúmplice do silêncio midiático. Dia 17 próximo (amanhã), às 20 horas, no Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em BH, será realizado um espetáculo-denúncia com a participação de vários artistas indignados com o tenebroso assassinato, em protesto pela situação de impunidade dos assassinos e solidários com os familiares do artista. A Gazeta comparecerá.

o-o-o-o-o-o-o

Maria Tereza Corujo, que, com um grupo de resistentes, lidera um combativo movimento de preservação da Serra da Piedade, nos enviou um excelente dossier do esforço hercúleo que levam a cabo contra poderosas mineradoras para impedi-las de continuarem o trabalho de destruição que vem desfigurando a geografia do nosso estado e ameaça gravemente mais este patrimônio que, além de natural, é cultural e valiosíssimo para a história e as tradições do nosso povo. A Nossa Senhora da Piedade, a nossa pietá, folclórica, lendária e religiosa, é, nada mais, nada menos, que a padroeira do estado de Minas Gerais. Esse atentado sem piedade contra a Serra da Piedade – cujas linhas formosas já inspiraram uma composição de Villa-Lobos e, junto com o belo conjunto arquitetônico da ermida barroca construída no século XVIII, formam um cenário que vem inspirando um sem número de pintores, aquarelistas e desenhistas de diversas épocas e procedências –, se constitui num outro tipo de assasinato que precisa ser denunciado com veemência. Infelizmente, parece que ainda não há um site onde os leitores da Gazeta possam conhecer o belíssimo material divulgado em pdf, e o arquivo é muito grande para ser enviado por este e-meio. Assim, a Gazeta publica o e-mail de Maria Tereza para que os interessados o solicitem diretamente: tespca@gmail.com.

o-o-o-o-o-o-o

O filme mais recente de José Sette, Amaxon, que tem sido muito elogiado pelos poucos que tiveram o privilégio de assisti-lo e tem causado grande expectativa pelo seu lançamento, foi recusado para o Festival de Cuba. Até aí nada de mais, nada de novo. Rogério Sganzerla já reclamava desse “bloqueio de Cuba” para o cinema brasileiro de invenção. Um cinema que, nos espaços mais destacados da arte cinematográfica em todo o mundo, sempre despertou grande interesse. Mas agora que o stalinismo perdeu força na Ilha graças à influência da Revolução Bolivariana da Venezuela, que promove uma abertura sem precedentes para as manifestações artísticas independentes, cabe a denúncia de que o “bloqueio” se mantém exclusivamente em nosso território, onde nada muda, ainda que os tempos e as coisas mudem radicalmente em toda a América Latina. São os mesmos de sempre – os responsáveis pela mesmice crônica de que padece o cinema nacional –, que filtram o material que pode ou não ser exibido em Cuba ou na Venezuela. É a caretice udenista das “esquerdas” acomodadas no poder desde a ditadura e que permanecem muito à vontade em diversas instâncias petistas de decisão. Isto sim, precisa mudar com urgência, e a Gazeta promete voltar ao assunto e bater nessa tecla com mais informações e denúncias.

o-o-o-o-o-o-o

Uns tempos atrás, este gazeteiro, por razões de ordem pessoal, não pôde atender a um apelo de Beto Almeida para que a Gazeta se envolvesse numa polêmica que andava rolando pela internet sobre a atuação da Fundação Ford no Brasil. Muito antes disso, numa das primeiras Gazetas, denunciamos o papel “cavalo de tróia” dessa entidade pseudo cultural gringa, a qual não passa de um braço do Império com a missão de destruir a cultura brasileira e latino-americana. Tal missão nunca foi desativada. Se na década de 1970 ela se constituía numa espécie de censo detalhado das manifestações culturais de resistência que se espalhavam por toda a América Latina, em particular no Brasil, agora ela se infiltra nessas manifestações com o pretexto de ajudá-las financeiramente. Uma vez aceita tal “ajuda”, o que é natural dada a pobreza e o descaso pelas instituições públicas de que são vítimas os nossos espaços de resistência e de produção cultural, começa a chantagem dos novos “donos da bola” no sentido de descaracterizar as essências culturais verdadeiras desses espaços e fazer aguar ou diluir o potencial revolucionário deles. Isto está acontecendo neste exato momento e em plena luz do dia! Temos bons e novos aportes para o tema, mas parece que a polêmica murchou. De qualquer forma, estamos aí, Beto.

o-o-o-o-o-o-o

Gustavo Gazinelli, militante entre os mais ativos do Movimento de Preservação das Serras e Águas de Minas, voltou aos bons tempos de militância estudantil, os tempos do “Geléia”, quando interrompeu a demagogia do governador Aecinho, no Palácio das Artes, para espinafrar contra a política entreguista do Estado e contra a censura na imprensa, que aqui vem sendo exercida com mais intensidade do que na época da ditadura militar. O sorriso amarelo e hipócrita do governador enquanto ouvia a descompustura do Geléia denuncia com clareza que ele nunca foi herdeiro político de seu avô, Tancredo. O pai dele, Aécio Cunha, uma das figuras políticas mais daninhas e mais representativas da oligarquia udenista ultra reacionária de Minas Gerais, é a fôrma exata da herança política do atual governador. Veja a intervenção do Geléia no endereço http://www.youtube.com/watch?v=IN8M91IagNM (só faltou a famosa gargalhada).

o-o-o-o-o-o-o

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Gazeta em forma de e-meio 107

Reflexões do gazeteiro (VI)

O “sonho americano” é o pesadelo de todos os povos do mundo, inclusive dos que vivem nos Estados Unidos. (Ricardo Arturo Alvarado, escritor e jornalista hondurenho, in Rebelión, 6/11/2009)


1909-2009. Neste intervalo de tempo histórico (centúria) vamos eleger o ano de 1969 como um ponto de inflexão. Por quê? Nos artigos anteriores, quando nos referimos à Primeira e à Segunda Revolução Industrial, estávamos falando da vertente civil de todo um processo histórico no qual tiveram importantes papéis a imprensa e o jornalismo. Mas a informação como uma arma de guerra é tão antiga quanto a Humanidade e, desde Tucídides, há registros de sua manipulação para finalidades bélicas. Contudo, na chamada Era Moderna, desde a Renascença européia até o ano de 1969, é possível verificar-se a nítida separação entre as vertentes civis e militares dos progressos científicos e tecnológicos que nela se concretizaram.

A própria gráfica de Fust e Gutemberg nasceu em 1452 com fins pacíficos, e não bélicos (é preciso nunca esquecer o importante papel de Fust; ao que parece, o sufixo que leva o nome de seu parceiro impressiona mais a certos historiadores). Também o fundador da aeronáutica do século XX, Santos-Dumont, reivindicou os propósitos pacíficos de seu empenho e repudiava o uso bélico de seus inventos.

A queda de braço entre o jornalismo e o grande capital nos idos de 1908-1909, que na penúltima Gazeta comentamos, pode ser considerada como o início de um processo que culminou em 1969. Este curto espaço de tempo histórico, de apenas 60 anos, se tornou o epílogo do poder civil sobre a imprensa e o jornalismo e, ao seu término, se registra a definitiva incorporação de ambos ao arsenal militar do capitalismo liderado pelos EUA – o “sonho americano” –, que ali entrou em sua fase mais arrogante ao estabelecer como inimigos todos os povos que resistiam ao seu domínio ou lhe recusavam obediência, isto é, neste atual e exato momento, todos os povos do mundo, inclusive os dos EUA.

Muitos são os fatos históricos que marcam aquele ano como ponto de inflexão desta nossa atual e cruel realidade. O mais notório deles, e que se inclui perfeitamente no espírito das reflexões da Gazeta, é a célebre “viagem do homem à Lua”, no ano de 1969, seguida de algumas outras até o ano de 1972.

Por diversas razões estritamente lógicas, o homem nunca foi à Lua e a maior delas não estaria no fato de a NASA ter “perdido” todos os documentos que comprovariam tais viagens. Nenhum homem nunca viajou até a Lua pela razão simples e elementar de não possuir a Humanidade meios (tecnologia) para fazê-lo, nem mesmo atualmente; muito menos há quarenta anos. Há muito que evoluir em nanotecnologia, telemetria laser, computação, robótica, automação, eficiência de combustíveis, infra-estruturas espaciais nas órbitas da Terra e da Lua, entre muitas outras tecnologias, para que este “sonho” se torne realidade. Considerando ainda a relação entre o enorme investimento exigido para a viagem e a posição dela na lista das prioridades humanas, podemos dizer que muito tempo vai se passar antes que se realize, se é que se realizará mesmo.

A URSS, que na época detinha a mais avançada tecnologia espacial (e ainda mantém, na Rússia, a liderança da chamada “corrida espacial”), enviou, naqueles mesmos anos, uns pequenos robots ao nosso satélite, alguns deles que foram capazes de enviar para a Terra minúsculas cápsulas com amostras do solo lunar. E isto era tudo o que podia fazer a Humanidade para explorar a Lua, mesmo assim com muitas perdas e desperdícios de tempo e de recursos de toda ordem, sem contar os notáveis fracassos e erros verificados, todos inadimissíveis para o caso de envolvimento de seres humanos nessas aventuras.

A China, que atualmente produz importantes avanços em tecnologia espacial, extrapola para o ano de 2030 a eventual conquista de viabilidade tecnológica para que se realize uma primeira viagem tripulada ao nosso satélite natural.

A própria NASA, que até agora tem colhido mais sucessos de propaganda do que de realizações efetivas, e que, além de colecionar contundentes fracassos e tragédias, há quarenta anos afirmou ter viabilizado as tais “viagens” em menos de um ano, acaba de anunciar um ambiciosíssimo “programa” para “retornar” com seus homens à Lua... para “depois de 2020”!

Assim também, como já vimos, nenhuma aeronave mais pesada que o ar voou antes de 1908, pela simples e elementar razão de que foi neste ano que a primeira aeronave do mundo o teria feito. A diferença é que a sociedade civil de então era bem informada por uma imprensa e um jornalismo verdadeiros e não engoliu a tentativa de engodo; e a de 1969 já não possuía mais imprensa nem jornalismo e, desde ali, somos obrigados a engolir todos eles (os engodos e suas “criações”), os do passado e os do presente: os irmãos Wright, o “holocausto”, a viagem à Lua, a demolição de três megaedifícios pelo choque de aeronaves de passageiros em dois deles e o “inquérito oficial” do governo dos EUA sobre este evento, que relata e leva em conta até conversas por telefones celulares de passageiros daqueles aviões com seus familiares em terra. Tais conversas nunca ocorreram, pela simples e elementar razão de que em 11 de setembro de 2001 não havia nos EUA tecnologia que as permitissem, e isto não é a Gazeta que está dizendo, é o FBI que o afirmou em seu próprio site na internet.

Nos últimos 40 anos este gazeteiro, que teve boa parte de sua formação de gráfico por entre as ramas, os componedores, os prelos e os cavaletes de tipos móveis da oficina tipográfica Eletrogravura, em BH, sob a orientação de mestre Ildeu, tipógrafo classe A, viu evaporarem-se, em poucos anos, mais de cinco séculos de evolução daquela arte e daquela técnica, ambas até então consideradas como ícones de elevação do saber e da condição humana, em seus aspectos mais nobres, civis e civilizados. Em pouco mais de uma só década, os cerca de noventa profissionais que ali trabalhavam na faina ininterrupta de compor manualmente a maioria dos textos que eram publicados nas gráficas da cidade, muitos deles por toda a vida e até por tradição familiar de várias gerações, se viram sem ter nada mais que fazer depois da completa obsolescência de seus ofícios, mistéres e mistérios. Em 1986, este mesmo gazeteiro protagonizou o evento que pode ter significado em nosso país o golpe de misericórdia na tipografia tradicional: a edição do primeiro livro feito no Brasil inteiramente por computador, na oficina Lastri, de São Paulo, para a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Ah, sim, os computadores... eis que, para a estratégia militar eles são uma verdadeira obsessão; nunca antes se havia produzido uma ferramenta tão eficaz para exercer controles, todos os controles, inclusive os da opinião pública. O computador gráfico das oficinas Lastri, em 1986, ocupava uma área de quase 100 metros quadrados e custava uma verdadeira fortuna. Somente as grandes empresas e corporações multinacionais, além das Forças Armadas e os órgãos de governo, podiam possuir tal equipamento.

E a imprensa alternativa, que se tornara o refúgio dos verdadeiros jornalistas na década de 1970 graças ao artesanato gráfico-tipográfico das pequenas oficinas, desapareceu completamente, junto com elas. Os senhores da guerra se tornaram então os senhores absolutos de tudo o que se publicava por qualquer via comunicacional, uma vez que também os meios eletrônicos de rádio e televisão se vincularam a tais máquinas, que eram inalcançáveis às tarefas comunicacionais de resistência.

Mas, como no passado já se verificara, e o anotamos numa dessas Gazetas anteriores, eis que chega a História e prega uma nova peça à ambição desmedida dos poderosos senhores da guerra, seus banqueiros e seus capitães-de-indústria.

É o que veremos na próxima edição da Gazeta.