quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gazeta em forma de e-meio 116

A vez e a voz do morro na Cidade Jardim

Jovens de todas as idades unidos no milagre do samba da minha terra, que já não tem palmeiras nem sabiás (e os sábios que se cuidem). Mas, na pobreza digna do nosso barracão, meus amigos, mora a alegria fazendo jubileu de ouro: 50 anos de vida e luta. E vocês estão vendo só uma pequeníssima parte. Cada um desses que aí estão é um legítimo representante de legiões de sambistas, passistas, cantores, atores e artistas do povo. Que vão encher a avenida no próximo carnaval sob a bandeira do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Cidade Jardim, cantando o samba enredo 50 anos de cores, brilhos e fantasias.

Que diz:

É na festa
È na festa, é na comemoração
É Cidade Jardim 18 vezes campeã (bis)

Minha nobreza, meu Belo Horizonte
É Cidade Jardim, parabéns para você
50 anos no portal de honra e glória

Sua coroa você fez por merecer
Só quem te viu
Quem te vê
Sabe da sua história

São cachoeiras desaguando na avenida
Muita beleza, confete e serpentina
Olha o requebrado da mulata ho ho ho
Olha o samba no pé
Muito obrigado, Maioral
Aonde você estiver

Nosso Rei Negro viajou
Numa carruagem guiada por
Cavalos marinhos, que foram ao fundo do oceano
Encontrou Atlântida, Cidade Sagrada
com toda magia; uma nova terra que surgia
Ao longe ouvia ecoar / ecoar
O canto da baiana Helena
Como uma estrela fazia brilhar
Quase roubava a cena
Rodando em saudação à Bahia

Que me levou ao seu reinado
Cidade Jardim paraíso encantado (bis)

(autoria de Domingos do Cavaco e Comissão do Carnaval)


E desfilando assim (roteiro do desfile: Graveto/Mario Drumond - carnavalesco: Graveto):


1. Comissão de frente (coreografia e Helena: Izabel Costa)

com 14 guerreiros e Helena

no Portal da Purificação (alegoria com o título-tema Cidade Jardim 50 anos)


2. Ala do Céu e do Mar

com 30 passistas em azul e branco


3. Carro de Atlântida com o Rei Negro (Alexandre Costa) e uma ninfa


4. Ala do Jubileu de Ouro (ou Ala da Coroa)

com 30 passistas em amarelo ouro


5. Carro da Natureza (cachoeiras e matas) com dois destaques


6. Ala da Fertilidade

com 30 passistas em verde e branco


7. Ala das Mulatas (Raiz do Samba)

com 30 passistas mulatas em vermelho


8. Ala das Baianas (30 baianas)


9. Bateria do G.R.E.S. Cidade Jardim (70 ritmistas)

Rainha da Bateria: Nega
Rainha da Escola: Kelly


10. 1º par de Mestre Sala e Porta Bandeira

Mestre Sala: Graveto
Porta Bandeira: Tiene


11. Carro dos 50 anos (8 a 10 destaques, um deles fantasiado de JK)


12. Ala Cidade Jardim

30 passistas de ouro


13. 2º par de Mestre Sala e Porta Bandeira (em fase de seleção)


14. Ala dos Antigos Carnavais

30 passistas em cores diversas
e mais quantos amigos vierem com fantasias famosas dos velhos carnavais


15. Ala da Diretoria (fechamento do desfile)

com atuais e antigos diretores



Memória e sinopse do desfile

Graveto/Mario Drumond

Este enredo nos leva a uma viagem de comemoração do nosso Jubileu de Ouro. São os 50 anos da Escola de Samba Cidade Jardim, e vamos a um encontro imaginário com os nossos eternos irmãos do samba, os que hoje habitam o reino dos céus.

Nossa escola, criada em 1961 no entorno da vila Santa Maria, região centro-sul de Belo Horizonte, alcançou grande importância na cidade, no estado e no país.

Em 1957, surgia o fenômeno do samba, Jairo Pereira da Costa, com o seu jeitinho moleque, sambista, e um sorriso alegre e conquistador. Ele fora o primeiro a conquistar o título de Cidadão do Samba, criado por JK, e nele brotava a raça, o sentimento e o orgulho de ser sambista.

Em 13 de abril de 1961, Jairo, seguido de outros componentes da Escola de Samba União Serrana, funda o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Cidade Jardim. Dois anos depois, conquistamos o primeiro dos nossos dezoito títulos no carnaval de rua de BH, onze deles, consecutivos. Em 2002, toda Belo Horizonte ficou abalada com a noticia de que o então presidente da Escola de Samba Cidade Jardim, Jairo Pereira da Costa, partira para o reino dos céus .

No inicio de 2008, seu filho, Alexandre Costa (o nosso valente e querido Lee), assumiu a presidência, substituindo sua irmã Ângela da Costa em um momento de intenso conflito com a Prefeitura Municipal que despejara a escola de seu barracão, de maneira autoritária e prepotente. Lee dobrou as mangas da camisa e fez valer o sangue de sambista e de guerreiro que corre em suas veias, em honra ao seu pai. Com ele lutamos bravamente, dias e noites, agitando o centro da cidade com protestos, bateria, faixas e cartazes para despertar a indignação popular, e esta se vez valer: a nossa quadra nos foi devolvida.

Hoje, como uma das mais tradicionais escolas de samba de Minas Gerais, comemoramos 50 anos de lutas, glórias carnavalescas e obras sociais. Rasgando os céus sob o brilho da lua e das estrelas, bailando no horizonte das gerais, fazemos a festa para o nosso Rei Negro. É festa também para JK, nosso padrinho, é festa para os grandes carnavais que, no passado, protagonizamos nas passarelas do samba.

Com tanta beleza e luxo, é como se os encontrássemos nas maravilhas de Atlântida, o continente perdido, com a força e a magia de suas casas feitas em ouro e pedras preciosas, cachoeiras jorrando aguas cristalinas e os seres que habitam as profundezas do mar. É o reino encantado do sortilégio, de nobreza sobre nobrezas, onde nosso Rei Negro, coroado pela eternidade, chegou numa carruagem puxada por cavalos marinhos, passando pelo Portal da Purificação. E, cumprindo todos os requisitos que nele são exigidos, foi habitar as profundezas celestiais do oceano, onde a imaginação não encontrará jamais qualquer limite.

Nosso enredo é um chamado à grande festa popular que é o carnaval brasileiro, a relembrar os velhos amigos; um chamado à verdade e à magia de brincar, dançar e comer do bolo no baile de máscaras. Um chamado a participar!

A Cidade Jardim, com a sua comunidade, vai cantar e encantar em 2011, como sempre movida pelo amor e pela esperança de brilhar. São 50 anos a comemorar!