segunda-feira, 16 de março de 2009

Gazeta em forma de e-meio 80

Ecos e respostas

As indagações deste gazeteiro formuladas na Gazeta 79 começam a encontrar ecos e respostas em algumas páginas da web. O site RedVoltaire (http://www.voltairenet.org/) publicou um texto do General Leonid Ivashov, ex-comandante-em-chefe das Forças Armadas da Rússia e atual vice presidente da Academia de Geopolítica de Moscou. Segundo o site, ele é uma das pessoas mais bem informadas do mundo.

O texto do general já abre assim (em tradução livre, do espanhol, deste gazeteiro):

“A experiência da Humanidade demonstra que o terrorismo surge onde quer que se produza o agravamento das contradições em determinado momento, onde as relações começam a degradar-se no seio da sociedade e onde a ordem social sofre modificações; ali onde aparece a instabilidade política, econômica e social, onde se liberam potenciais de agressividade, onde decaem os valores morais, onde triunfam o cinismo e o niilismo, onde se legalizam os vícios e onde a criminalidade cresce aceleradamente.”

Vamos ter de nos fixar nos pontos mais pertinentes ao nosso propósito indagador, pois é um texto relativamente longo que analisa com acuidade aquilo que o autor chama de “crise sistêmica da civilização”, a qual, para ele, foi desatada pelos que provocaram os acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

“A ausência de novas idéias filosóficas, a crise moral e espiritual, a deformação da percepção do mundo, a difusão de fenômenos amorais contrários às tradições, a competição pelo enriquecimento ilimitado e o poder, a crueldade, levam a humanidade à decadência e, quiçá, à catástrofe.” (...) “A análise da essência dos processos de globalização, assim como das doutrinas políticas e militares dos EUA, demonstra que o terrorismo favorece a realização dos objetivos de dominação mundial e a submissão dos Estados aos interesses da oligarquia mundial. Isto significa que o terrorismo não constitui por si mesmo um ator dessa política, senão um simples instrumento, o meio para instaurar uma nova ordem unipolar com um centro de mando mundial único, para eliminar as fronteiras nacionais e garantir o domínio global de uma nova elite. É precisamente esta última o principal ator do terrorismo internacional, seu ideólogo e seu ‘padrinho’.” (...) “O principal alvo dessa nova elite é a realidade natural, tradicional, histórica e cultural que assentou as bases do sistema de relações entre os Estados, da organização da civilização em Estados nacionais, da identidade nacional.”

E, um pouco mais à frente:

“O atual terrorismo internacional é um fenômeno que consiste, para estruturas governamentais e não governamentais, em utilizar o terror como meio de alcançar objetivos políticos, desestabilizando e aterrorizando as populações nos planos sociais e psicológicos, desmotivando as estruturas do poder de Estado e criando condições que permitam manipular a política do Estado e o comportamento da cidadania. O terrorismo é o meio de fazer a guerra de maneira diferente, não convencional. Conjugado com os meios de comunicação, o terrorismo se comporta como um sistema de controle dos processos mundiais. É precisamente a simbiose entre os meios de comunicação e o terror o que cria as condições favoráveis aos grandes transtornos na política mundial e na realidade presente.”

Tal argumentação, vinda de quem vem, nos é mais que suficiente para explicar os comportamentos de certos braços do poder, como a NASDAQ e a Igreja Católica, denunciados na Gazeta 79. O terror pode ser difundido de várias maneiras nas populações urbanas e rurais, e é a infância a época da nossa vida mais vulnerável aos seus efeitos.

Aterrorizar publicamente uma criança, como fez o bispo de Recife ao punir com a excomunhão, a pena mais grave de todas no direito canônico da Igreja Católica, a mãe dela e os responsáveis pelo aborto legal que nela se procedeu, culpando-a, portanto, da “calamidade” que recaiu sobre os que salvaram a sua vida ameaçada pelo crime hediondo de um estupro cometido pelo próprio padrasto, é o mesmo que dizer a todas as crianças que elas tratem de se comportar e se submetam aos estupradores em silêncio obediente e submisso, sem criar complicações.

Assim como fazê-las conviver com o macabro e o hediondo em exposições pseudo didáticas, projetadas para ludibriar e anular os valores humanistas e espirituais que devem ser cultivados desde a infância e acostumá-las à indiferença em relação à morte e ao sangue derramado do próximo.

Tudo é cálculo nessa conspiração que está longe de ser uma “teoria”, pois se faz presente cada vez mais no dia a dia das pessoas e se assume a cada dia mais visível e evidente quanto aos seus propósitos terroristas. E a mídia hegemônica faz a sua parte, como no caso de Recife, ao propagar o escândalo sem nele tomar posição alguma.

Como nos informa o General Leonid Ivashov, “nesses episódios há sempre a presença obrigatória de três elementos: o que ordena que se realize, o organizador e o que executa.”

No caso de Recife, o bispo executou e o Vaticano organizou. No caso da exposição em Caracas, fechada pelo governo Chávez, uma empresa executou e a organização foi da NASDAQ. Em ambos os casos, a ordem só pode ter partido do mesmo centro de poder denunciado pelo general: a nova elite que se pretende global; os verdadeiros terroristas, que constituem a oligarquia do capitalismo mundial.

Se todo e qualquer empenho de resistência não tiver essa verdade na mira de suas ações, a humanidade estará correndo sério risco de se autoextinguir. Contudo, a Gazeta leva fé que é possível parar esses facínoras, e o primeiro passo nessa direção é o de tornar inofensiva a principal arma deles: a mídia hegemônica. E o melhor meio de combatê-la não é enfrentando-a diretamente; é ignorando-a, desprezando-a em todas as suas manifestações impressas, audiovisuais e eletrônicas. A indiferença do público será, com certeza, a arma mortal contra a sua monstruosidade que, em verdade, é apenas virtual; não é real. O que é real são as consequências dos atos de terror que difundem, com base na credibilidade que desfrutam imerecidamente de seus públicos. É, portanto, o ponto fraco, pelo qual se pode derrubar de vez essa hidra apocalíptica e seus amos terroristas, que já vivem os paroxismos das agonias infernais.

Isto foi agora demonstrado no caso da exposição de Caracas, onde a mídia hegemônica teve de conter seus ímpetos terroristas em vista da contradição que vive agora naquele país, que conquistou a sua soberania e no qual a indiferença da população já se manifesta no descrédito que confere à mídia hegemônica como um todo; em níveis local, regional, nacional e internacional. Lá, um governo revolucionário e soberano propicia à sua população alternativas reais e eficazes de comunicação e informação e as defende dos ataques terroristas que vão sendo contra ela (e contra nós, também, leitor, nunca nos esqueçamos, somos todos alvos “deles”) perpetrados pelos diversos agentes solertes da oligarquia mundial.

Leia o texto completo do Gal. Leonid Ivashov em http://www.voltairenet.org/article159257.html