Foi lendo Álvaro Vieira Pinto que me veio essa última inquietação que agora motoriza minhas idéias. Se ele tivesse a ferramenta que hoje temos para expressar nossos pensamentos e ao mesmo tempo publicá-los, com certeza ele se valeria dela. Não nos deixaria esperando três ou quatro décadas, ou mais, se não tivéssemos a sorte de seus originais terem sido descobertos recentemente. E se conhecêssemos as idéias dele há trinta, quarenta anos... bem, isto é assunto para outras gazetas, não esta.
Aqui não vai comparação nenhuma. Como propôs o próprio Vieira Pinto, “discutidas as imperfeições e limitações individuais”, o que temos a fazer é permanecer criando, pensando e, já que temos os meios... publicando. Inclusive o que pensamos e criamos antes e publicamos em círculos mais ou menos restritos, ou não publicamos, seja por acanhamento diante da nova ferramenta, seja por que ela não existia.
“Vamos a conocernos”, um bom lema que foi proposto pela TeleSur desde que começou a transmitir, há uns quatro ou cinco anos. Não é babaquice peace and love, longe disso; é o que precisamos mesmo fazer, de verdade e para valer, tal como na Venezuela estão fazendo os compañeros de lá.
Há anos venho debatendo com José Sette, Fredera, Guilherme Vaz, Izabel Costa, Gilberto Vasconcellos, Beto Vianna, Rodrigo Leste, outros companheiros e leitores da Gazeta, sobre o que fazer no e com o novo meio. Não somos poucos; li há uns dias sobre isso no site Rebelión: “ahora es el momento de hacer experimentos, muchos, muchos experimentos”. Quer dizer, todo mundo está diante da mesma interrogação.
Foi de Gilberto a proposta do Porão Radical: “atualmente, pensar só é possível num porão, meu caro; na sala, não” – respondeu-me, contrapondo o meu projeto de criar uma “sala radical” na internet.
Mas, é inegável, a grande barreira para a nossa turma de jovens cinquentões tem sido a do domínio da ferramenta. Eu mesmo, que nunca tive pruridos com os diabos da tecnologia, e, de certa forma até tiro o meu ganha-pão com a ajuda deles, confesso a preguiça que me bate diante das janelas, cliques e teclas que tenho de manobrar para conseguir alguma coisa na tela que eu aceite como minha.
Fredera saiu na frente. Tão logo O Apito deixou de circular impresso, ele abriu o seu blog. Mas numa edição bem mais modesta, só de texto, e que ele atualiza regularmente, uma vez por semana, em média. E o blog dele já foi até censurado! José Sette veio em seguida, também com o seu blog; porém, com o dinamismo gráfico-visual que lhe é típico, além de não vacilar diante de traquitanas de tecnologia, mesmo que vá aos trancos e barrancos, na raça! Este gazeteiro, que vinha na moleza dos e-mails, então meditou que se o Fredera e o José Sette podem, por que não ele? E é o que recomenda a todos: se o gazeteiro pode... etc.
A Gazeta tem agora o seu blog. E mais, tem(os) também o apoio de um site, o qual já (nos) serve para arquivar e linkar coisas, mas é papo para depois. Subordinados ao blog da Gazeta, criei três outros blogs (entre eles, o do Suplemento Literário, com a novela que está no ar) e linkei os blogs do Fredera e do José Sette como “links aliados”. Tudo ainda no começo, cheio de lacunas, em fase experiência, de muchos, muchos experimentos. É como se vivêssemos uma nova era das “grandes navegações”. E de descobertas.
É a proposta do Porão Radical, que haverá de ser criado no site que mencionei para entrelaçar e potencializar toda a nossa fundição de cuca expressa nos diversos blogs e demais formas de comunicação via web que cada um de nós possa publicar. Cada um na sua, fazendo o que pode ou o que quer, criando, pensando e publicando - aí é que mora o barato. Incluindo, evidentemente, a produção dos que já desceram na última estação; os que têm os maiores aportes de contribuição, como é o caso do Álvaro Vieira Pinto e da infinidade de mestres do passado, não importando o quão distante no tempo estejam.
Vamos, então, começar e recomeçar:
- Conhecem este jovem?

Sim ou não? Confiram no blog da Gazeta:
http://blogdagazeta.blogspot.com
Aproveitem e dêem um passeio pelo blog, clicando onde der para clicar. Vão encontrar coisas desse gazeteiro por lá, sem qualquer compromisso. Assim também, a este gazeteiro agrada muito dar um passeio em coisas de outros como ele. Sempre sem compromisso, claro. Mas, desde que na direção do Porão Radical; que haverá de ser o reduto dos não alinhados e da freguesia assídua do wébico, espiritual, metafísico e, antes de tudo, libertário Café Novo Mundo.